Certa vez me peguei pensando nas tantas horas que gastava na adolescência me arrumando e conversando com as minhas amigas, foi tanto tempo compartilhando segredos e vivências e de repente isso para de existir, a vida adulta te engole tão rapidamente que em um respiro tudo mudou, suas amigas já não são mais as mesmas, você cresceu e precisa trabalhar, sua faculdade vai dar dinheiro? Dentre outras questões prioritárias, você perde todas ao seu redor.
Amizade também é relacionamento, como a Lela Brandão fala: “às vezes o amor da sua vida são suas amigas”. Gastei muito tempo de vida pensando que não tinha amigas e estava sozinha, quando, na verdade, me faltava a autocrítica de cultivar essas amizades. Estamos no mundo real onde todas nós temos nossas preocupações e obrigações o tempo inteiro, precisamos cultivar o amor entre amigas como um relacionamento romântico com carinho, cuidado e paciência assim como amor. Foi ingenuidade minha achar que nada mudaria quando tudo ao meu redor (e no interior) também mudou.
Me pergunto como anda C, soube que criou uma família que eu nunca vou conhecer, me lembro que (após assistir Friends 5x seguidas) prometemos que iriamos morar juntas num apartamento no centro assim que possível, isso no auge da nossa adolescência. Me pergunto se M pensa em mim quando lembra das brincadeiras de criança, infelizmente penso nela todas às vezes que leio sobre mulheres que aceitam um amor ruim. Ela merece tanto e aceitou tão pouco e hoje nem nos falamos mais.
G foi uma amizade passageira, mas num momento tão importante onde eu não tinha mais nada, me pergunto como ela se sentiu ao trair minha confiança tão fortemente que me tirou o nada que eu já tinha. M2 foi mais que amiga, mas sua amizade também significou tanto e hoje quando a vejo nos stories vivendo sua vida, sinto alegria. Na verdade, sinto felicidade por cada uma delas, mesmo que não nos conhecemos mais.
Dessas todas que perdi, chegaram tantas outras, e hoje cada uma das minhas amigas próximas e das web-amigas tem lugar guardado no meu coração, e quando preciso de apoio procuro elas, quando algo bom acontece elas são as primeiras a saberem, e quando as coisas ruins que acontecem muito mais, é para elas que eu choramingo.
Reciprocamente eu apoio elas, e vivemos nessa rede de apoio mútuo com todo o amor do mundo.
Muitas das vezes esqueço de tratá-las com esse amor todo, esqueço-me de falar palavras bonitas para ver seu sorriso, mas não deixo de pensar diariamente por cada uma. Considero que atualmente tenho três melhores amigas, mas agora esse termo não parece ter o mesmo significado da adolescência, hoje em dia o peso desse termo é menor para mim, porém elas são gigantes.
Após a pandemia eu e E nos afastamos, mas certo dia pensei em convidá-la para um café da tarde e foi a melhor coisa que poderia ter feito, hoje a vejo viajando o mundo e não vejo a hora dela voltar para nosso próximo café. A amo muito.
Falando em A, essa me perdoa mensalmente quando furo nosso encontro de almoço 1x no mês, ela entende minha agenda e entende também minha cabeça, sabe que às vezes de fato não consigo, mentalmente falando, encontrar com ela, mesmo assim sinto ela próxima de mim todos os dias. A amo tanto que já fui até em culto só para ficar com ela. (DOIS!!!!!!!!!!! É muito amor).
Já a Ma é uma incógnita, sinto que essa é a mais próxima de mim pela semelhança, o que faz sermos tão distantes. A amo muito, mesmo que, assim como eu, ela fure tantos encontros, suma no meio das conversas e às vezes some de fato por muitos meses. Eu entendo, entendo completamente nossos desencontros, pois eu sou 100% assim como ela.
Não prometo ser a melhor amiga do mundo, sei que não sou. É tão difícil, pra mim, manter constância, imagine uma relação com mulheres tão incríveis. Mensalmente penso que devo me esforçar mais por elas e faço e depois sumo novamente. Eu sumo sempre, até dentro de mim.
Gostaria de não sumir, mas isso é assunto para outro texto.
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